quinta-feira, 19 de março de 2009

ENTREVISTA COM RAFAEL PASSOS
[Raquel Dvoranovski é arquiteta, formado pelo Centro Universitário Ritter dos Reis ]

Retratos (im)pessoais de um
XXXI ENEA Florianópolis


O início que sucede o fim. Esse é meu retrato do XXXI ENEA. Quando pertencemos a naturezas de ciclos tão inconstantes, são poucas às vezes que podemos ver uma etapa se tornar processo e entender como o início é importante e como o final é compensador. E neste ENEA em especial, o fim veste-se de princípio, todas as crenças podiam ser mudadas, todos nós podíamos mudar.

Na minha impessoalidade, vi o encontro de Floripa, como o amadurecimento de idéias que muitas pessoas compartilhavam. Embora nem sempre essas idéias tenham sido bem recebidas ou bem entendidas, na sua maioria, elas geraram grandes acontecimentos. Alguns deles nunca chegaremos a conhecer... mas essa é a grande magia que um encontro pode trazer: desconhecimento dos limites de afeto.
E esse era o propósito da Comissão Organizadora e seus fiéis (me incluo entre eles). Envolver a todos, durante o processo de criação até o de realização do encontro, que aconteceu em muitos conselhos e fez parte dos sonhos mais irreais de alguns estudantes de arquitetura da UFSC. As mãos que sonhavam, eram as mãos que já tinham conhecimento dessa estrutura forte que fazemos parte, porém foram elas que questionaram, que se envolveram e que tiveram uma visão por outro ângulo. Por que somos assim? Por que não tentar de outra forma? Formas amorfas. Diferentes normas. Todas tortas. Responder com o conhecimento do instante, com o questionamento de uma vida, agir em questão de saber quem se é, de querer tornar-se uma experiência de si mesmo.
Cenas vão ficar no inconsciente de cada um. De quem perdeu-se. De quem permitiu-se. Daquele que procurou entender o que se passava na FeNEA e a complementou, com sua participação contida, com sua reivindicação por direito, com seu sonho do mundos novos, com olhar estalado, com carisma, com força, com sua PRESENÇA.

Ao despir-se de nossos conceitos, todos têm lugar, inclusive dentro de nós mesmos. Para o dia que durou 160 horas, muitas roupas e humores foram trocados. Ao sabor das muitas Floripas, podemos nos transformar e ir além da comemoração, fomos ao encontro da tolerância, da solidariedade, do outro, do talvez, do ontem, da dúvida, do verdadeiro, encontramos nós mesmos. Encontramos caminhos para seguir os movimentos, para deixar ir o que já se fazia antigo, pra trazer o melhor do mundo, para achar o caminho de casa.

No início do fim, percebem-se sinais do afeto que a magia causou em todos. As palavras são poucas para o dia quase infinito. Os sentimentos também. O que fazer agora? Quem sabe começemos pelo princípio.
Muitas histórias podem ser registradas, todas únicas, todas verdadeiras. Ficam para amanhã, mais dias intermináveis, chuvas torrenciais, ocupações, praia no inverno, festas conjuntas... Hoje temos as impressões de um encontro.

Raquel Dvoranovski
Arquiteta e Urbanista
Diretora de Documentação e Informação da FeNEA 06/07


CASINHA

Ela é casa e
indivíduo
ela não existe...

são pessoas
que se reúnem
em forma de casa

por quê é casa?
não é material
não poderia ser

já que suas paredes,
são almas
translúcidas

mas há construção
e isso é o que
a faz SER
casa.





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